São cada vez mais as pessoas que enfrentam riscos psicossociais no trabalho.
Os ambientes de trabalho estão a atravessar mudanças significativas devido à aplicação de novas tecnologias, materiais e processos de trabalho. As alterações ao nível da concepção, organização e gestão do trabalho podem criar novas áreas de risco susceptíveis de gerar um maior nível de stress e, em última análise, originar uma grave deterioração da saúde mental e física. Segundo um novo relatório da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, os principais riscos psicossociais estão relacionados com novas formas de contratos de trabalho, insegurança no emprego, intensificação do trabalho, exigências emocionais elevadas, violência no trabalho e difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada.
Jukka Takala, Director da Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA) afirmou: “A vida profissional na Europa está a mudar a um ritmo cada vez mais acelerado. A insegurança no emprego, a necessidade de ter vários empregos e a intensificação do trabalho podem gerar stress profissional e colocar em risco a saúde dos trabalhadores. É necessário monitorizar e melhorar constantemente os ambientes de trabalho a nível psicossocial a fim de criar empregos de qualidade e assegurar o bem-estar dos trabalhadores.”
O stress profissional é um dos maiores desafios que a Europa enfrenta no domínio da segurança e saúde no trabalho (SST), prevendo-se o aumento do número de pessoas afectadas por doenças relacionadas com stress provocadas ou agravadas pelo trabalho. O stress é o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais comum na Europa, afectando 22% dos trabalhadores da UE. Estudos indicam que entre 50% e 60% dos dias de trabalho perdidos estão relacionados com este fenómeno.
Os riscos psicossociais emergentes, analisados numa previsão de peritos, são apresentados num novo relatório, o terceiro de uma série dedicada a novos riscos e a riscos emergentes, elaborado pelo Observatório Europeu dos Riscos, que faz parte da EU-OSHA.
O trabalho precário coloca em risco a saúde dos trabalhadores.
Em termos gerais, o trabalho precário define-se como o emprego mal remunerado e de baixa qualidade, com poucas oportunidades de formação e de progressão na carreira. Os trabalhadores com contratos precários tendem a efectuar os trabalhos mais perigosos, trabalham em piores condições e recebem menos formação em matéria de segurança e saúde no trabalho. Trabalhar em condições instáveis pode gerar insegurança no emprego, o que, por sua vez, agrava significativamente o stress profissional.
A intensificação do trabalho causa problemas de saúde.
Com a imposição de prazos rigorosos e o aumento do ritmo de trabalho, são cada vez mais os trabalhadores da UE que têm de fazer face a maiores volumes de trabalho e a maior pressão no emprego. A redução dos locais de trabalho, a quantidade crescente de informação a tratar devido às novas tecnologias de comunicação e o aumento das exigências impostas a um menor número de trabalhadores também podem levar a um aumento do stress profissional.
A violência e a intimidação colocam em risco os trabalhadores.
O problema da violência e da intimidação no local de trabalho suscita cada vez mais preocupações. Embora afecte todas as profissões e sectores de actividade, é mais comum nos sectores da saúde e dos serviços, podendo levar a perda de auto-estima, ansiedade, depressão e até mesmo ao suicídio.
A difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada afecta as famílias
Os grandes volumes de trabalho e os horários de trabalho inflexíveis dificultam ainda mais esta conciliação, sobretudo para as mulheres que, muitas vezes, são obrigadas a acumular a actividade profissional e as tarefas domésticas. Esta situação pode causar stress e ter outros efeitos negativos sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente quando estes não têm possibilidade de ajustar as condições de trabalho às suas necessidades pessoais. Mais de 40% dos trabalhadores da UE 27 com longos horários de trabalho afirmaram estar insatisfeitos com a conciliação entre a vida profissional e a vida privada.
Os grandes volumes de trabalho e os horários de trabalho inflexíveis dificultam ainda mais esta conciliação, sobretudo para as mulheres que, muitas vezes, são obrigadas a acumular a actividade profissional e as tarefas domésticas. Esta situação pode causar stress e ter outros efeitos negativos sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente quando estes não têm possibilidade de ajustar as condições de trabalho às suas necessidades pessoais. Mais de 40% dos trabalhadores da UE 27 com longos horários de trabalho afirmaram estar insatisfeitos com a conciliação entre a vida profissional e a vida privada.
Além disso, a EU-OSHA está a planear a realização de um estudo previsional em grande escala destinado a monitorizar as alterações ocorridas na sociedade e nos locais de trabalho que geram riscos emergentes relacionados com a SST.
in: www.cienciahoje.pt